Relações Interpessoais: afiliação, vinculação e padrões relacionais
Sinopse
Um Olhar Sobre o Conceito de Relações Interpessoais

As relações que temos com os outros caracterizam-se por sentimentos diferentes e, até mesmo, contraditórios: sentimo-nos atraídos por algumas pessoas, estabelecemos relações de intimidade ou temos experiências de relações marcadas pela agressividade com outras.
É deste tipo de interacções que vou abordar ao longo deste primeiro tema, ou seja, referirei o que são e como se explicam as relações de Afiliação, Aceitação, Reciprocidade, Interdependência, Rejeição, Vinculação e Padrões Relacionais e procederei ao registo de atitudes de aceitação, reciprocidade, interdependência e rejeição.
Apresentação das tarefas propostas e respectivos objectivos
As tarefas propostas são duas:
1.ª Exploração dos conceitos relacionados com as Relações Interpessoais, como a Afiliação, Aceitação, Reciprocidade, Interdependência e Rejeição;
2.ª Registo de atitudes de Aceitação, Reciprocidade, Interdependência e Rejeição, ao longo de uma semana, em cenários escolares e formativos.
Os objectivos são:
- Identificar agentes, intencionalidades e especificidades contextuais das interacções em âmbitos educativos e formativos;
- Analisar as relações interpessoais, em contexto educativo, à luz das perspectivas sistémica e dialógica.
As Relações Interpessoais e a Psicologia

Segundo Del Prette e Del Prette (2007), podemos encontrar duas abordagens psicológicas sobre as relações interpessoais: a explicação linear e a explicação sistémica do modo de agir.
Aparecem novas disciplinas que têm por objecto de estudo estes aspectos, como a Etologia, a Psicobiologia, a Sociobiologia e a Neuropsicologia. Foram estes estudos, que acontecem em multidisciplinaridade (várias disciplinas estudam o mesmo objecto), em interdisciplinaridade (diálogo entre investigadores com diferentes formações) e transdisciplinaridade (abolição entre as fronteiras das disciplinas e a cooperação entre os investigadores), que tornaram a Psicologia e a Psiquiatria ciências aplicadas, abandonando-se velhas teorias do discurso científico.
2. A explicação sistémica
Um sistema pode ser definido “como uma combinação ordenada de partes que interagem para produzir um resultado. A visão sistémica constitui uma tentativa de compreender a influência recíproca entre as partes de um sistema (seus subsistemas) e entre sistemas e seu entorno” (Del Prette & Del Prette, 2007, p.25).
2. A explicação sistémica
Um sistema pode ser definido “como uma combinação ordenada de partes que interagem para produzir um resultado. A visão sistémica constitui uma tentativa de compreender a influência recíproca entre as partes de um sistema (seus subsistemas) e entre sistemas e seu entorno” (Del Prette & Del Prette, 2007, p.25).
Bertalanffy (1975 como citada em Costa & Matos, 2007) define sistema como “um conjunto de elementos em interacção entre si e com o meio” (p.13).
A explicação sistemática aparece como uma alternativa à explicação linear, dado que aparece como “uma tentativa de compreender a influência recíproca entre as partes de um sistema e entre sistemas partes que se integram para produzir um resultado” (Del Prette & Del Prette, 2007, p. 25).
Tendo em conta que as relações interpessoais, nesta perspectiva, só fazem sentido se analisadas no seu ambiente – familiar, escolar, social e cultura – implica que se envolvam todos os participantes activos de uma relação, olhando a mesma como um processo de vários componentes, pois “os sistemas humanos são determinados pela força como seus componentes se relacionam entre si e isto lhe confere a estrutura” (idem, p.28). As estruturas distinguem-se pelas suas dinâmicas próprias (relações, normas e regras). A mesma realidade pode ser percebida de modos diferentes em diferentes momentos e por diferentes pessoas, o que implica a subjectividade. A realidade pode ser objectiva, mas a percepção desta é sempre subjectiva.
Propostas para um novo padrão relacional




Teoria da Vinculação

A reciprocidade pode ser definida como a crença numa tendência natural de todos os seres vivos, não exclusiva do Homem, que os leva a cooperarem uns com os outros.

Registo de atitudes de Aceitação, Reciprocidade, Interdependência e Rejeição em cenários escolares
No primeiro dia desta semana, segunda-feira, comemorou-se na minha escola o dia do pai, nos moldes que tem sido realizado nos últimos anos: no decorrer da semana anterior, cada turma elabora um presente e todos os alunos ensaiam uma canção dedicada ao pai. No final da semana, os alunos levam um convite para os pais irem à escola no final do dia (este ano calhou no dia 21). Todos os alunos se juntam no anfiteatro que existe no espaço exterior, cantam a canção e oferecem o presente ao pai.
No decorrer desta actividade pude constatar atitudes de aceitação, reciprocidade, interdependência e rejeição.
Na turma do 1.º ano, o Gonçalo, que é uma criança de etnia africana (sendo algo que se destaca na minha escola, dado que é o único aluno negro), é aceite por todos os alunos sem se verificar qualquer discriminação. No decorrer desta actividade, pude constatar que está integrado na turma e, até mesmo, na escola.
A reciprocidade e a interdependência também se puderam observar, principalmente na semana anterior. No decorrer da elaboração do presente, os alunos ajudaram-se mutuamente, quer na elaboração do presente, quer nos ensaios.
No entanto, no decorrer desta actividade, também foi possível observar atitudes de rejeição. A Carolina, aluna da turma do 3.º ano, chorou e sentiu-se rejeitada quando viu que o pai não estava presente.
Reflexão sobre a pertinência científica e pedagógica do tema
O contexto escolar e o contexto familiar são potenciadores de relações interpessoais. E é por este motivo que pensamos que a análise e discussão dos conceitos abordados neste tema são muito pertinentes, na medida em que eles são importantes para o enquadramento teórico das muitas situações experienciadas na escola por alunos, professores, assistentes operacionais, enfim, por toda a comunidade escolar.
O contexto escolar e o contexto familiar são potenciadores de relações interpessoais. E é por este motivo que pensamos que a análise e discussão dos conceitos abordados neste tema são muito pertinentes, na medida em que eles são importantes para o enquadramento teórico das muitas situações experienciadas na escola por alunos, professores, assistentes operacionais, enfim, por toda a comunidade escolar.
Trabalhos realizados no âmbito do tema
Depois de uma breve pesquisa, encontramos um texto de Maria Cristina Canavarro, Pedro Dias e Vânia Lima que se centra na avaliação da vinculação do adulto, apresentando, no entanto, referência à vinculação nas crianças.
Para além deste, gostaríamos de referir, ainda, a dissertação de doutoramento em Psicologia Aplicada de Maria Teresa Pereira dos Santos, intitulada "Olhares sobre a diferença: representações de crianças e jovens", que se insere no âmbito da temática da educação inclusiva, fazendo referência na relação entre o Eu e o Outro aos conceitos de afiliação e rejeição.
Fontes:
Neto, F. (2002). Psicologia Social. Lisboa: Univ Aberta, 141-146.
Costa, E., & Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta, 43-72.
Del Prette, A., & Del Prette, Z. (2007). Psicologia das relações interpessoais (6ª ed.).Petrópolis: Editora Vozes, 212-220.
Costa, E., & Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta, 43-72.
Del Prette, A., & Del Prette, Z. (2007). Psicologia das relações interpessoais (6ª ed.).Petrópolis: Editora Vozes, 212-220.