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Este blog assume a forma de um instrumento de reflexão e de avaliação, inserindo-se na Unidade Curricular RI-AICE, orientada pela professora Luísa Aires, no âmbito do Mestrado de Supervisão Pedagógica, ministrado pela Universidade Aberta.



Tema 2

Abordagem Comunicativa das Relações Interpessoais: o Interaccionismo Simbólico e a Escola de Palo Alto

Sinopse
A Comunicação e as Interacções no contexto das Relações Interpessoais
Comunicação é o nome que se dá ao modo como o ser humano interage com os outros e revela a suas atitudes de agrado ou desagrado, de pertença ou não pertença. O ser humano, como ser social que é, necessita de uma interacção quase permanente, podendo definir-se o termo interagir como "agir mutuamente".

Apresentação das tarefas propostas e respectivos objectivos
As tarefas propostas são três:
1.ª Leitura de bibliografia sobre duas escolas - Interaccionismo Simbólico e Escola de Palo Alto - que, na área da comunicação, contribuiram para o estudo das relações interpessoais;
2.ª Caracterização de cada uma das escolas;
3.ª Referência a exemplos na prática profissional dos conceitos analisados.
O objectivo é:
- Identificar agentes, intencionalidades e especificidades contextuais das interacções em âmbitos educativos e formativos.


O Interaccionismo Simbólico
A expressão Interaccionismo Simbólico teve origem na psicologia social, mais precisamente no behaviorismo, dada a necessidade de se entender os comportamentos relacionais entre os indivíduos e os seus reflexos na sociedade.

Apareceu com a Escola de Chicago, nas primeiras décadas do século XX, com George Herbert Mead, que considerava que a comunicação ou interacção era uma convergência entre o indivíduo, a mente e a sociedade, sendo que para se entender as organizações, é necessário, antes de tudo, perceber a forma como os indivíduos que as compõem interagem, ou seja, parte-se do individual para o organizacional, tornando-se mais fácil compreender as relações das organizações entre si.
Mead considerava que a sociedade se constrói a partir das interacções entre os actores sociais, processo este constituído de forma simbólica através da comunicação. Aqueles relacionam-se através de símbolos que, além de estruturarem a interacção, são portadores de valores. Deste modo, os homens não agem em função das coisas, mas do significado que as coisas tomam no processo da comunicação. O simbólico é a base do sentido que cada um dá às suas acções, isto é, o sentido individual é fundado nas interacções, aquilo que o “eu” faz é regulado por aquilo que o “nós” constrói socialmente. Os indivíduos condicionam-se mutuamente.
O Interaccionismo Simbólico tem como principais características:
1.ª a rejeição da imagem do ser humano como organismo passivo e determinado, considerando, neste sentido, o ser humano um ser em acção;
2.ª o ser humano, enquanto ser que age no presente, é influenciado não só pelo que aconteceu no passado, mas também pelo que está a acontecer no momento da interacção;
3.ª a interacção relaciona não só com o que acontece entre os indivíduos, mas também ao que acontece dentro de cada um: as nossas acções são influenciadas por aqueles com quem interagimos, mas também pela nossa própria interpretação da situação;
4.ª a acção dos indivíduos relaciona-se com o significado que eles têm do mundo;
5.ª os significados são produtos sociais que surgem em interacção;
6.ª os significados podem ser manipulados e modificados nas interacções.
Esta escola teve como principais seguidores Blumer e Cooley.





A Escola de Palo Alto
Também conhecida por Colégio Invisível, foi fundada em 1942, nos EUA, por Gregory Bateson. Os pesquisadores desta escola eram oriundos das mais variadas áreas do saber e deram início à formulação de uma pragmática da comunicação. Neste sentido, esta escola apareceu como reacção à ideia da comunicação pela máquina, procurando reflectir sobre a comunicação numa lógica interpessoal, sendo que entendiam que o receptor teria um papel tão importante como o emissor em todo o processo da comunicação. Assim, a comunicação é entendida como sendo sobretudo relacional: os indivíduos participam, são membros e parte constitutiva dessa comunicação e não mero transmissores ou espectadores com funções determinadas. Para Bateson, somente alguns aspectos do processo de comunicação são conscientes, não podendo a comunicação ser entendida como um acto simplesmente cognitivo.
A Escola de Palo Alto assenta em cinco axiomas:
1.º não se pode não comunicar;
2.º toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e relação (transmite os dados) ou de indício e ordem (como devemos compreender os dados: meta-comunicação);
3.º a natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre comunicantes;
4.º os seres humanos comunicam digital e analogicamente  - a linguagem digital é uma sintaxe lógica complexa e poderosa, mas carente da adequada semântica no campo das relações (utilização de palavras); a linguagem analógica possui a semântica, mas não tem uma sintaxe adequada para a definição não ambígua da natureza das relações (gestos, expressões…);
5º as permutas comunicacionais são simétricas ou complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença.

Interaccionismo Simbólico Versus Escola de Palo Alto
A partir da análise das duas Escolas, a de Chicago e a de Palo Alto, concluímos que, embora elas se distingam pelo empirismo de uma e a parte teórica de outra, é sabido que Bateson aproveitou alguns dos pressupostos do Interaccionismo Simbólico para também ele tentar compreender a comunicação.
Assim:
1.º as duas correntes concebem as interacções sociais como algo em permanente construção e não como mera atribuição;
2.º ambas as escolas inauguraram uma nova forma de compreensão da comunicação, centrada na interacção, na comunicação interpessoal, como fundamento de todas as relações sociais.

Exemplos da Prática Profissional dos conceitos analisados
Em contexto de sala de aula, nas interacções que se estabeleci com os meus alunos, estão presentes os princípios do Interaccionismo Simbólico, dado que estas interacções pressupõem códigos comuns em que entram em interacção os mundos dos vários interlocutores.
Ainda neste contexto, e no decorrer de um trabalho de grupo, encontrei exemplos de interacções simétricas, dado que todos os intervenientes no acto educativo tendem a reflectir o comportamento do outro, caracterizando-se a interacção pela igualdade e minimizando a diferença. Mas sempre que, nesta actividade, eu tenho que intervir devido, por exemplo, ao mau comportamento de um aluno, estamos perante uma interacção complementar, dado que o meu comportamento complementa o do aluno, maximizando-se a diferença.

 


Reflexão sobre a pertinência científica e pedagógica do tema
Todos nós, enquanto parte de um grupo profissional e social, estamos em contínua interacção com os outros e, deste modo, em permanente reconstrução individual.
Assim, aquilo que cada um de nós é depende de com quem interagimos, das reacções dos outros em relação a nós e da repercussão destas reacções na orientação dos comportamentos futuros. E é deste aspecto que ressalta a importância do tema estudado.


 
Trabalhos realizados no âmbito do tema
Das nossas pesquisas sobre o tema, gostaríamos de salientar um trabalho efectuado por Aníbal Fontes, Eduardo Fonseca e Susana Duarte, no âmbito do mestrado em Formação Pessoal e Social, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sobre a Identidade Profissional, mais concretamente a Identidade Docente.



Outro documento que pensamos ser importante partilhar é o texto elaborado por Inês Guedes de Oliveira e Conceição Lopes, que partem do contributo teórico da escola de Pensamento de Palo Alto para efectuarem uma abordagem sistémica na análise compreensiva da promoção e desenvolvimento da criatividade no quadro da experiência criativa e da pragmática de aprendizagens e de mudanças.
http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-lopes-design-de%20criatividade-abordagem-sistemica.pdf


Fontes:
Marques, R. (Maio, 2007). Recuperado em 14 abril, 2011, de http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia

Regimento de tutoria (n.d.). Escola Secundária de Odivelas.

Decreto-lei n.º 75/2008, de 22 de Abril, art.º 44

Decreto Regulamentar 10/99, de 21 de Julho, art.º 10.


http://efaematosinhos.eu/Etapas_elaboracao_Plano_AT_2.pdf